Uma carta aos príncipes Durini di Monza

12-09-2014 16:01

Nobreza não se constitui apenas de títulos, grandezas, honras, mas sim, da felicidade plena, reservada apenas aqueles que realmente sabem e sentem o gosto do que é amar.

 

O amor, sentimento tão nobre, não pode e não deveria estar condicionado a regramentos socais arcaicos, que imperam sobre uma sociedade moldada na hipocrisia secular. O direito de amar está concedido a todos que dele sabe desfrutar.

 

Como disse Hildegard “... um casamento belo, único e exemplar...”, belo, pela magnitude do sacramento, único por ser a materialização dos contos de fadas e exemplar, por ser exemplo de dignidade, grandeza real de um príncipe.

 

Ao ver as fotos, lágrimas me vieram à face, primeiro por entender que meus devaneios infantis não mais ficaram presos a imaginação fantasiosa dos contos de fadas, em que se mostravam os belos casamentos reais, as lutas históricas dos príncipes, a paixão pelos plebeus e que agora vejo que tais fábulas se fizeram real, ainda que absurdo, em meu país, que tanto sobrevive às demagogias dantescas da falsa moralidade e em um segundo momento, por me sentir entre os 14 ilustres convidados, diante da esplendorosa Guanabara com seus encantos mil que Margarida Lara tanto amou.

 

Senti-me recitando Dante Alighieri “Quem és tu que queres julgar, com vista que só alcança um palmo, coisas que estão a mil milhas?”e como tal, quem somos nós para julgar o amor entre duas pessoas que se amam, independente de suas posições sociais ou suas orientações sexuais, em que a felicidade gritam como trombetas celestiais anunciando o reino da felicidade eterna.

 

Bravos guerreiros, destemidos por sua grandeza e honra diante dos baluartes da parva moralidade, tão bem descrita nas belas palavras de Hildegard, madrinha do renascimento, por quem me encantei.

 

Que nas minhas humildes palavras, dirigidas ao casal principesco, digo-vos que ressignificaram todo um contexto histórico e sociocultural, que não precisaram da tão sonhada revolução ou da palpável reforma, mas que pela nobreza da tradição, da elegância da realeza e da diplomacia da coroa, nos mostraram a possibilidade de rever conceitos e reencontros com nossos sonhos, cada vez tão distantes.

 

Que este amor nascido nos primórdios dos tempos e personificado em Eros, moldados por Atenas e consagrados em Hélios seja o principio da alteridade, lançando um novo olhar à velha tradição que herdaste por sangue e honra de seus antepassados.

 

Encerro minhas palavras escrevendo o que ouço desde minha infância, não diferente dos dias atuais: “e viveram felizes para sempre.”

 

Respeitosamente subscrevo-me,

 

Rodrigues Schneider